segunda-feira, 29 de maio de 2017

SARAU DA ÁREA DE LINGUAGENS - Conto completo “Espero-te todas as manhãs”


SARAU
 Conto completo 
“Espero-te todas as manhãs”

            Queridos leitores, abaixo apresentamos um conto desenvolvido por um pequeno grupo de alunos da escola, sob a orientação das professoras Ana Paula Borges e Susete Guimarães, durante as aulas de Orientação de Estudo sobre os gêneros que se enquadram no tipo narrativo.  O motivo da criação deste conto foi para que que pudéssemos apresentá-lo no Sarau dos segundos anos, evento realizado no dia 24/04/17.




            No dia do evento, por conta do limite de tempo da apresentação e por termos desenvolvido um conto maior do que o esperado, tivemos que encerrar o conto em um determinado ponto, por isso criamos este post para terminar a narrativa que já havíamos começado na apresentação do Sarau. Eis ai o nosso conto! Decidimos postar o conto completo, e não a partir de onde paramos, pois alunos e professores pediram para que publicássemos desde o início. Enfim, a partir de agora apenas desejo uma boa leitura a todos!    😊









Espero-te todas as manhãs
(Autores: Isabelle Beckert, Isabeli Simão, Leandro Hardaim, Ludmila Santos, Maria Eduarda Novais, Mariana Bongartiner e Rodrigo Santos, 2º C)


Imagem:  “The Shrine”  de  John  William Waterhouse





Paris, 17 de Maio de 1875
Querido diário,
       Eu Clhoé Harriet, estou muito feliz, pois nesta manhã eu acordei mais cedo para ver alguém. Assim como de costume, quando ele chegou, encostou-se à calçada em sua humilde bicicleta, bateu na porta e esperou meu pai ir até lá para pegar os pães que ele sempre comprava. Enquanto ele esperava meu pai, com muita vergonha eu continuava escondida atrás da janela de meu quarto, eu o olhava e sentia algo dentro de mim que eu não conseguia descrever, pois naquele momento eu estava ocupada demais apreciando os seus encantadores olhos castanhos, o seu claríssimo cabelo, e sua tranquilidade ao se movimentar e falar. Naquele momento eu não sabia o que sentia, mas agora eu sei! Eu estou apaixonada por este rapaz, seu nome é Louis, e ele é o filho do padeiro.
       Enfim, eu ainda não disse o porquê de eu estar muito feliz hoje, meus pais me disseram que hoje receberemos visitas para o almoço, ele foi comprar a carne, e me pediu para comprar algumas coisas na padaria. Eu não soube o que responder exatamente, pois eu tinha vergonha de conversar com o Louis, mas naquele momento eu respirei fundo e me enchi de coragem, ele me escreveu uma lista com aquilo que ele queria que eu comprasse, e em seguida me deu alguns euros, logo após eu fui até a padaria. Quando eu cheguei, Louis estava no caixa, e então eu comecei a pegar aquilo que meu pai havia escrito na lista, após eu terminar de pegar tudo, chegou o momento, levei as compras ao caixa. Naquele instante, toda a minha coragem desapareceu, eu fiquei com muita vergonha, tanto que eu apenas entreguei o dinheiro a ele e não disse mais nada. Quando fui pegar as sacolas, ele percebeu que eu tive um pouco de dificuldade, pois eram muitas sacolas, então ele generosamente me perguntou se eu queria que ele me ajudasse a levar as sacolas até minha casa, eu disse que sim, neste momento, por dentro eu estava pulando de alegria. O mais legal foi que ele começou a puxar alguns assuntos durante o caminho, e foi aí que nós começamos a conversar, conheci um lado muito bom dele, ele é muito simpático e engraçado também, enfim, depois dessa conversa percebi que eu me apaixonei pelo jovem que eu sempre quis.
      Ao chegarmos a minha casa, ele me entregou as sacolas que ele segurava, eu entrei em casa e ele foi embora. Ansiosa, eu fui até a cozinha e entreguei as compras para minha mãe Marianne, para que ela preparasse o nosso almoço. Correndo, subi as escadas, entrei em meu quarto e peguei o diário... Agora estou aqui, escrevendo estas palavras.

Neste momento, a campainha toca, Philippe que é o pai de Clhoé vai à porta receber as visitas, enquanto isso Marianne entra no quarto de Clhoé e diz:
            - Filha, vamos descer! O almoço já está pronto e as visitas acabaram de chegar.
            Clhoé fechou o diário, olhou para sua mãe e disse:
            - Tá bom mãe, espere um momento, pois eu já estou indo.
Clhoé guarda seu diário e desce as escadas junto a sua mãe. Enquanto elas descem, Philippe as observa, em seguida cumprimenta Jonathan e seu filho George, dizendo:
            - Entrem! Aquelas duas maravilhas que estão descendo a escada são minha esposa Marianne e nossa filha Clhoé.
Ao dizer isto Philippe faz as apresentações, em seguida todos conversando vão até a mesa. Enquanto isso Marianne e Clhoé vão à cozinha pegar o almoço para servi-los, porém Clhoé pergunta a sua mãe:
            - Mãe, afinal, o que é que aqueles vieram fazer aqui em casa?
            Marianne fica meio sem jeito, porém a responde:
            - Eu não sei. Minha filha; eu não os conhecia pessoalmente, seu pai apenas me disse que queria vê-lo, pois já fazia um bom tempo que eles não se viam.
            Indignada Clhoé pergunta:
                        - Mas como assim, a senhora não os conhece por quê?
            Marianne pede para que ela se acalme; em seguida a responde:
            - Eles nunca vieram aqui antes, pois quando seu pai queria vê-los ele os visitava e como eu não gosto muito de sair de casa, eu o deixava ir sozinho, por isso eu não os conheço pessoalmente.
            Clhoé mesmo insatisfeita com essas respostas deixa esse assunto de lado, levanta um sorriso e diz:
            - Entendi, agora vamos, pois eu estou com muita fome!
            Elas levam a mesa os pratos que Marianne já havia preparado e em seguida sentam a mesa para participar do almoço. Philippe agradece a Marianne por servi-los e em seguida diz:
            - Tudo pronto, vamos comer!
            Todos começam a comer. Após algum tempo quando Jonathan fica satisfeito, ele limpa sua garganta e pergunta:
            - Philippe, já está ficando tarde, você não acha que já está na hora de falarmos um pouco sobre aquele assunto que conversamos por cartas?
             Todos param de comer e olham para Philippe.  Enquanto isso olhando para a janela ele o responde:
            - É mesmo, já esta tarde, fique à vontade para falar.
            Jonathan respira fundo e começa a falar:
- Antes de marcarmos esta visita, Philippe e eu estávamos conversando por cartas e lembramos um tempo atrás, naquele tempo nossas famílias eram muito unidas e felizes, além disso, foi esta união que fez com que as nossas famílias se tornassem o que são hoje, somos ricos, temos saúde, e o mais importante! Nós temos belos filhos.
            Philippe o complementa dizendo:
            - Durante essas conversas concluímos que vocês dois, Clhoé e George, podem restabelecer esta união que foi perdida em nossas famílias, pois ambos são alunos exemplares na escola, possuem bons comportamentos e também são muito bonitos.
             Clhoé olha para George e depois pergunta a seu pai:
            - Mas, como faremos isso?
            Ele a responde:
            - Casando-se com ele!
            Clhoé para, pensa, aumentando o tom da voz exclama:
             - Mas o quê?! Nós nem nos conhecemos e vocês querem que a gente case? Pai, eu amo outro homem!!!
            Philippe desapontado também ergue o tom da voz e a diz:
            - Você está de brincadeira!
            Porém Clhoé com mais força ainda retruca;
            - Não!!!
            Philippe começa a rir e acrescenta:
            - Eu não acredito.
            As gargalhadas de Philippe deixam Clhoé muito brava, ela o retruca gritando:
            - Mas deveria acreditar! Pai, eu amo aquele rapaz de olhos castanhos, cabelos claros, aquele rapaz que...
            Seu pai perde a paciência e a interrompe gritando.
            - Ah não, ele não!
Mas Clhoé continua gritando e acaba declarando:
            - Sim, ele sim! Eu amo Louis, o filho do padeiro.
            Marianne fica preocupada, ela tenta acalma-los dizendo com tranquilidade as seguintes palavras:
            - Ei, se acalmem, parem de gritar, estamos à mesa.
Philippe a ignora, em seguida ele levanta e chama Clhoé. Eles vão até a sala e lá eles começaram uma discussão nova discussão:
            - Clhoé você está maluca? Preste atenção na bobagem que você está dizendo! Você quer passar o resto de seus dias com um pobre padeiro ou com um jovem incrível?
            Clhoé o responde:
            - Mas pai...
            Com muita fúria, Philippe a interrompe e continua a gritar:
            - Cale-se!!! Agora é a minha vez de falar. Se você casar com o George terá muito mais riquezas do que estas que temos hoje, mas se você se casar com este padeiro, você terá um futuro vergonhoso!
Neste momento escorreu a primeira lágrima nos olhos de Clhoé, ela o responde com uma voz de choro:
            - Eu não quero riquezas, eu quero amor!
            Philippe fica sem jeito e acrescenta:
            - Mas... Você não pode aprender a amá-lo?
            Chorando ela o responde:
- Todos nós podemos amar qualquer pessoa, mas não adianta obrigar, pois para amar é preciso querer.
Com raiva, Philippe começa a gritar novamente:
            - Pare de ser tão chorona! Pare de dizer estas bobagens e pare de achar que você entende alguma coisa sobre amor. Minha filha, acorde! Não deixe que essa paixão destrua seu futuro.
Chorando e gritando, Clhoé o retruca pela última vez:
            - Mas como você quer que eu construa o meu futuro sendo que o senhor não me deixa viver o presente?
Neste momento, Clhoé vira as costas e sobe a escada correndo e chorando; mas Philippe continua gritando:
            - Clhoé, desça aqui já! Nós não terminamos nossa conversa!
Marianne aparece segura Philippe e o diz:
            - Querido, eu estava escondida do outro lado da porta e escutei essa discussão inteira, acalme-se e deixa-a ir, ela está cansada e muito estressada. Amanhã vocês poderão terminar essa conversa, mas agora volte e fale com seu primo.
Philippe olha nos olhos de sua esposa, respira fundo, e assim segura a sua fúria, sem dizer uma palavra volta à cozinha para conversar com Jonathan. Enquanto isso, Clhoé abre seu diário e começa a escrever.

Paris, 17 de Maio de 1875
Querido diário,
Neste dia que começou tão bem está terminando da pior maneira possível! Estou muito chateada, me sinto arrasada, por um momento senti um descontrolável ódio de meu pai, e esse ódio me levou a brigar feio com ele, estou muito, mas muito triste, pois nesta tarde eu perdi o poder de controlar meu futuro, agora eu já não posso mais ficar com quem eu amo, mas com quem meu pai quer que eu ame, pelo mais duro que pareça às coisas são assim. Agora eu não sei o que fazer, dizer ou pensar, a única coisa que eu sei é que neste momento eu sinto uma profunda tristeza em meu coração.

Após escrever isto, Clhoé adormeceu. Enquanto isso Philippe volta à cozinha e inicia um novo diálogo pedindo desculpas a Jonathan.
            - Então Jonathan, desculpe-me por fazer seu filho passar por isso, eu não esperava que minha filha dissesse aquilo.
Decepcionado com Philippe, Jonathan olha para George e pede para que ele vá à sala e o espere, argumentando que tem que falar com Philippe em particular. Em seguida Jonathan o responde:
            - Ok, mas me promete que depois você dará uma dura nela e mostrará quem é que manda?
            Com coragem, Philippe afirma:
            - Farei isso mesmo, não fiz agora porque minha esposa atrapalhou-me!
            Jonathan acrescenta:
            - Entendo, enfim espero que você consiga convencer sua filha a se casar com George o quanto antes, pois a cada dia que se passa meu filho fica cada vez mais triste querendo alguém para amá-lo. Quando você me visitou, você me garantiu que ela é a menina perfeita para ele, então não me decepcione agora que fez com que George a desejasse tanto! Aliás, você é um péssimo mentiroso hein! De tantas outras mentiras que você poderia ter inventado para dizer, disse aquela porcaria; e se ela ou sua esposa descobrir o acordo que fizemos o que acha que elas fariam contigo?
            Philippe mentindo novamente diz:
            - Não faço ideia! Não parei para pensar nisso, porém eu garanto que elas jamais saberão que nosso acordo existe.
            Jonathan fica impressionado e o diz:
            - Já que afirma com tanta certeza, tudo bem, confio em você. Mas não se esqueça de que nosso acordo consiste em eu lhe entregar todo aquele dinheiro somente após eles estarem juntos. Lembra-se?
            Philippe responde:
            - Sim, claramente!
            Jonathan olha para a janela e depois diz:
            - Muito bem. Agora eu vou embora, já está escurecendo. Vou ficar aqui em Paris por mais dois dias. Aluguei um hotel aqui perto, se quiser depois eu te passo o endereço para conversarmos. Boa noite!
            Philippe entrega um papel para Jonathan, e ali ele escreve o endereço do hotel onde ficará hospedado. Em seguida os leva-o até a porta, e eles vão embora. Logo após, Marianne pede sua ajuda para retirar a mesa e lavar a louça, mas Philippe se recusa a ajudá-la dizendo que está cansado e que precisa descansar um pouco. Então Marianne começa a arrumar a cozinha sozinha. Minutos depois, ela termina de arrumar a cozinha, e vai ao seu quarto descansar. Ao entrar no quarto, ela percebe que Philippe não está conseguindo dormir, e por isso ela o pergunta:
            - Querido, está tudo bem?
            A partir daí começam um dialogo:
            - Não muito, pois não consigo dormir.
            Marianne preocupada o pergunta:
            - Tem alguma coisa te incomodando?
            Mas com ignorância Philippe a responde:
            - Não há nada me incomodando, eu apenas não consigo dormir!
            Porém, mesmo assim Marianne insiste em falar com ele:
            - Já que não consegue dormir, vamos conversar.
            Ainda bravo com o que aconteceu, Philippe apenas olha nos olhos dela e a responde:
            - Você quer conversar sobre o quê?
            Marianne o responde:
            - Sobre aquilo que você fez hoje no almoço.
            Ainda com ignorância ele a pergunta:
            - O que foi que eu fiz?
            Marianne acalma a si mesma e depois diz:
            - Você gritou com nossa filha! E também tentou obrigá-la a fazer algo que eu ainda não estou acreditando. Querido, por que não me disse nada sobre isto?
            Philippe cria outra mentira:
            - Eu não te contei nada porque eu queria que fosse uma surpresa, pois eu consegui um namorado perfeito para ela, mas ela o rejeitou daquela maneira.
            Porém Marianne defende Clhoé, afirmando:
            - Ela não estava totalmente errada!
            Indignado,  Philippe retruca:
            - Como assim? Explique-me por que ela não estava errada.
            Novamente,  Marianne respira fundo tentando não se estressar e acrescenta:
            - O que quero dizer é que você não deveria tomar as decisões por ela, pois nossa filha já não é aquela bebezinha que nós cuidávamos anos atrás. Meu querido, eu entendo que você se preocupa com o futuro dela e tudo mais, mas deixe-a tomar as próprias decisões.
Philippe fica sem jeito e afirma:
            - Mas eu não estava escolhendo por ela, eu apenas estava indicando o caminho que ela deve seguir para que tenha uma vida melhor!
            Desta vez,  Marianne percebe que ele está mentindo, mas com paciência ela discorda:
            - Não parecia. Pois se você estivesse apenas indicando tu não terias gritado daquele jeito, e de qualquer forma essa questão de encontrar uma vida melhor cabe a ela mesma decidir o que é melhor para ela, e não a nós.
            Philippe tenta inventar uma desculpa e diz:
            - Mas querida, você sabe que eu tenho um comportamento mais nervoso, não sabe?
            Marianne continua retrucando:
            - Claro! Nós somos casados já faz um bom tempo, nos conhecemos bem. Porém, naquele momento você estava mais bravo do que o de costume. Enfim, se quiser amanhã nós continuaremos esta conversa. Querido,  eu estou muito cansada, preciso descansar um pouco agora. Pode fazer-me um favor?
            Philippe, sem paciência,  tenta encerrar essa conversa logo e diz:
            - Tudo bem, querida, pode descansar; sim, eu posso lhe fazer o favor, mas o que você quer?
            Marianne se cobre com os cobertores e o responde:
            - Que você pare de querer construir o futuro dela, nosso papel como pais é educar, e não governar! Nosso papel é apenas fazer com que ela se sinta amada por nós, e fazer com que esse amor frutifique, logo, estes frutos serão tudo o que ela precisa para ser feliz, e é isso que você deseja para ela, não é?
Philippe sente um infinito remorso em seu coração, ele fica parado e pensando um pouco, porém rapidamente a responde:
            - Sim, este é o motivo de eu lutar tanto por ela.
Logo após dizer isto Philippe vai até a janela e fica olhando o céu estrelado, e assim ele começa a confessar a si mesmo.
            - Eu não sei o que deu em mim com o acordo que fechei com Jonathan. Eu quase vendi a minha própria filha, neste momento percebo que eu fui fascinado pelo dinheiro, e isso fez com que eu me esquecesse de que ela tem uma vida e também sentimentos. Confesso que fiquei a pensar somente no dinheiro que estaria em minhas mãos se eu fizesse com que ela se casasse com o filho de Jonathan. Agora eu compreendo o quão egoísta sou! Finalmente compreendi o que minha esposa me quis dizer... Mas enfim, reconheço que ofendi a ambas, ofendi muito a Clhoé tratando-a como se ela fosse um animal irracional, e por isso ela está triste, e essa tristeza fez com que minha esposa também se entristecesse... No final das contas, isso também me trouxe tristeza. Eu não me sinto mais um pai ou um esposo, eu me sinto um monstro...
Philippe reflete mais um pouco e dorme. Na manhã seguinte, acorda mais cedo do que o de costume e fica no sofá da sala pensando e ansiosamente esperando Louis. Após algum tempo, Marianne acorda e depois vai ao quarto de Clhoé acordá-la para ir à escola, porém Clhoé não sente vontade de ir, e isso faz com que sua mãe inicie um diálogo.
            - Minha filha, o motivo de não querer ir à escola hoje, por acaso seria aquela briga de ontem que você teve com seu pai?
            Com tristeza, Clhoé afirma que sim, porém, antes que dissesse mais uma palavra sua mãe lhe disse:
            - Filha, eu sei que isso que você está passando é complicado, seu pai está querendo algo que nem eu mesma estou acreditando, mas relaxe, fique tranquila, pois no final das contas tudo acaba dando certo.
Clhoé fica mais tranquila e a responde:
            - Eu sei disso, mãe!
Sorrindo, sua mãe a complementa:
            - Já que diz saber, irei apenas complementar, eu afirmo que posso dar um jeitinho no seu pai e resolver seu problema, mas seus estudos só você pode resolver. E por isso te peço para ir à escola hoje.
Clhoé pega sua toalha e entra no banheiro para tomar um banho antes de ir à escola. Enquanto ela toma banho, Louis passa com sua bicicleta vendendo pães, assim como de costume. Philippe vai à porta e chama Louis, ele o convida a entrar um pouquinho e eles começam a conversar.
            - Louis, eu sei que não nos conhecemos, pois nos vemos apenas de manhã quando você vem entregar pães aqui pelo bairro. Hoje, além destes sete pães, quero também pedir um minuto de sua atenção...
Neste momento, já com seu uniforme, Clhoé sai do banheiro secando seu cabelo. Seu pai vai até ela e a diz:
            - Filha, desculpe-me por aquilo que lhe disse ontem, eu não estava muito bem e acabei dizendo-lhe algumas bobagens. Enfim, eu conversei com sua mãe e ela estava certíssima naquilo que me disse. Eu mudei de ideia sobre eu escolher as coisas por você, daqui para frente o seu futuro é seu. Eu estarei aqui para quando precisar, mas enfim, se tiver algo para dizer a ele, que seja agora!
Ela o abraça, e diz obrigado. Depois quando o solta, ela chega perto de Louis e, olhando em seus olhos, declara seu imenso amor por ele. Louis escuta até a última palavra o que ela tem a dizer. Ele fica impressionado, pois percebeu que ela o conhece muito bem, mesmo tendo passado pouquíssimos momentos juntos. Neste momento, Louis pega nas mãos de Clhoé, a olha nos olhos e diz a ela:
            - Passamos poucos momentos juntos, porém esses poucos momentos foram suficientes para que eu encontrasse alguém capaz de fazer-me feliz pelo resto de minha vida. Só que eu sou muito pobre, e por isso eu fico muito tempo ajudando meu pai na padaria e...
Neste momento Clhoé o interrompe, e sorrindo afirma:
            - Não importa o tempo que levar. Espero-te em todas as manhãs!
Ambos se aproximam e trocam um longo beijo.

Comentando...
            No passado, em diversos locais do Brasil e do mundo, os pais de muitos jovens escolhiam com quem eles iriam se casar no futuro, geralmente isso acontecia por interesses políticos e/ou econômicos. Esse acontecimento era chamado de casamento arranjado. Na atualidade, raramente encontramos esse tipo de arranjo matrimonial, porém antigamente isso era algo que acontecia com uma frequência considerável. Clhoé Harriet, a protagonista deste conto, contesta seu pai por ele ter tirado a liberdade que ela tinha para escolher o que pretendia fazer e isso não a agradou, logo, ela não ficou calada. Com a ajuda de sua bondosa mãe, a moça conseguiu mudar o pensamento egoísta de seu pai que, no final das contas, contribuiu para que tudo desse certo no final.
Um ponto importante para destacar neste conto de amor é que esta narração não é simplesmente uma história de um casal apaixonado, mas sim de um amor verdadeiro e puro que há em uma família, pois mesmo brigando, aquela família resolveu seus problemas com diálogos; diálogos de amor, onde cada palavra dita buscava reencontrar a paz que foi perdida no meio de tanta confusão.

Cartazes produzidos pelos alunos durante a elaboração do conto:







Esperamos que tenham gostado!

Autores (alunos do 2º C)
Isabelle Beckert
Isabeli Simão
Leandro Hardaim
Ludmila Santos
Maria Eduarda Novais
Mariana Bongartiner

Rodrigo Santos

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